sexta-feira, 26 de março de 2010

O Triângulo

Em setembro do ano passado fiz um curso de fotojornalismo, ministrado por João Bittar, na Imã Foto Galeria. O curso teve duração de 4 meses e, dentre as excelentes conversas e os assuntos abordados, o que teve grande destaque pra mim foi a história do fotojornalismo, mostrando a vida e o trabalho de vários fotógrafos precursores do fotojornalismo atual. Isso me trouxe inspiração para fotografar e é nítida a diferença das minhas fotos antes e depois do curso.

Também comecei a ter uma outra visão da fotografia jornalística. O João passou muito do seu conhecimento como editor de grandes jornais e revistas. Acredito que essa parte “editorial” é extremamente necessária e frequentemente negligenciada ou esquecida por quem está começando na fotografia e, mais especificamente, no fotojornalismo.

Mas teve uma coisa que fizemos que realmente valeu a pena. Foi criar o hábito e, mais do que isso, criar o gosto (no meu caso paixão) pela fotografia de rua. Durante o curso escolhemos um tema: fotografar as ruas do “Triângulo” do centro velho de São Paulo.







O Triângulo é onde a cidade de São Paulo nasceu. É o perímetro delimitado pelas Ruas Direita, São Bento e 15 de Novembro, no Vale do Anhangabaú.







O Centro era balizado pelos Conventos de São Francisco, São Bento e São Carmo. As ruas não iam além dos vales dos rios Tamanduateí e Anhangabaú. Tudo era tão perto que a primeira linha de bonde, puxado por animais, só seria inaugurada em 1872. Mas o primeiro passo para tirar São Paulo do destino periférico havia sido dado no ano anterior. A inauguração da ferrovia Santos-Jundiaí, em 1867, iria ajudar a canalizar para a cidade a riqueza do café, que se expandia pelo oeste do Estado. E, no sentido contrário, iria trazer milhares de imigrantes estrangeiros.







Consideradas estreitas até para os padrões de construção da época, com o passar do tempo, as “Ruas do Triângulo” se transformaram, naturalmente, em ruas estritamente para pedestres.







Durante o governo de João Teodoro (1872-1875), foi feito o calçamento das ruas da região, uma novidade então na época, abrangendo também o Largo do Rosário e a Praça da Sé.







O Triângulo acabou virando uma região de passeio. A expressão “fazer o Triângulo” acabou denominando o passeio de grupos de rapazes saindo do Largo São Bento, avançando pelas Ruas 15 de Novembro, Direita e São Bento, enquanto as moças faziam o trajeto inverso. (Retirado do site Sampacentro).







Dentro desse tema maior, cada um do grupo poderia escolher um assunto ou um “sub-tema” que quisesse. Eu escolhi fotografar pessoas do Triângulo, tentando registrar o cotidiano dos trabalhadores, artistas e moradores de rua. Algumas das minhas fotos são estas expostas aqui.





16 comentários:

  1. Amo essas fotos!!! Merecem uma exposição!
    A beleza de gestos simples numa realidade tão dura, os contrastes, a história de cada uma delas mexem com nossas emoções e com nosso brio de cidadãos.
    Espero que você isnpire outros a fotografarem essa realidade para que essas pessoas possam ser ajudadas!
    Beijos e PARABÉNS!!!

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  2. Oi Samuel! muito boa essa saída, conseguistes um belo resultado, de verdade. Sabes que tb fiz o curso do Bittar, foi baita escola, assim com vc tb aprendi a história de como fazer fotojornalismo. Grande abarço

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  3. Samuel,
    Acho que como você, sinto uma necessidade de caminhar pelas ruas e com a câmera escrever o que vejo e sinto.
    Bravo!
    Careimi

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  4. Lenora,
    Só tenho a agradecer a você pelo apoio e pela paciência!
    Beijo grande!

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  5. Izan,
    Obrigado pelos elogios e pelo apoio! Segui suas recomendações e fiz o curso do Bittar. Não só valeu a pena como superou minhas expectativas.
    Forte abraço!

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  6. Careimi,
    que prazer receber sua visita aqui! Precisamos marcar outras ídas ao triângulo! Vamos combinar com o Bittar e o povo!
    Beijo!

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  7. Gde Samuca!

    Já vi essas foto uma porção de vezes, mas a cada vez se descobre algo novo nelas.
    Ontem mesmo ao vê-las, me deu uma grande vontade de ir ao centro logo cedo, retratar o velho triângulo, mas o trabalho me impediu!
    Parábens pelo texto e claro pelas fotos.

    Luiz Guarnieri

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  8. samuca, sabe que tenho gostado mais de sampa... talvez por tudo isso que vc colocou em forma de fotografia! lindas!

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  9. Luiz,
    Saudade, amigo! Obrigado pelos elogios! Precisamos marcar de fotografar no centro de novo! Me liga!
    Abraço!
    Samuca

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  10. Chico,
    Sou nascido e criado na cidade de São Paulo.
    Confesso que por trabalhar com meio ambiente e fotografar somente natureza até pouco tempo atrás, eu fugia da loucura de Sampa sempre que podia. Porém quanto mais eu comecei a conhecer São Paulo nestas incursões ao centro, mais eu me apaixonei pela minha cidade natal.
    São Paulo realmente é fascinante!
    Um forte abraço e obrigado pelos elogios!

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  11. Samuca, belos olhos para o que não é tão belo. A cidade nasceu no centro e morre no centro, todo dia após às 18 hs.
    É nessa hora que se erguem as almas penadas ainda encarnadas.
    Belas fotos. parabéns.

    MARCELO MIRA

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  12. Grande Marcelo,
    Obrigado pelo elogio! Escolhi fotografar este tema, "pessoas do centro", porque retrata a pobreza (dos artístas de rua e da maioria das pessoas que trabalham lá) e também retrata a mais completa exclusão social (dos moradores de rua). A pobreza e as diferenças sociais sempre foram assuntos que me incomodaram muito. E me incomodam tanto quanto a indiferença das pessoas quando vêem estes "excluídos" nas ruas. Quanto a mim, não consigo ficar indiferente a isso. Pega fundo mesmo. Por isso tentei retratá-los com o respeito e a poesia que estas pessoas merecem (porém, as vezes, de uma maneira um pouco mais literal). Minha intenção com estas imagens é despertar a atenção de todos para este grave problema social. Problema que tanto os políticos quanto as pessoas mais favorecidas teimam em não querer enxergar.
    Um forte abraço! Saudade!

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  13. Ora, Ora!
    quem diria que aquele profissional competente, amigo sarrista, seria um fotográfo de mão cheia?
    Pois é Samuca! Realmente as suas qualidades como ser humano realmente são infinitas! As fotos tem que ser assim mesmo! Devem mostrar a realidade! Quem sabe se mais pessoas a enxergasse com tamanha perfeição teríamos um mundo menos desigual, onde se degrada a natureza por alguns milhões de dólares, e se mata seres humanos pela falta de alguns trocados!! Continue assim.... Fazendo a diferença!!! abraço!!!

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  14. Samuca,
    Parabéns pelo blog e pelas lindas fotos!!
    Quando eu era pequena, meu pai trabalhava no centro, pertinho dessa região. Lembro de ver os moradores de rua, algumas vezes em fila, esperando pela distribuição de pão em uma igreja. E isso me fez sonhar em distribuir marmitas para todos eles...
    A conscientização é muito importante, pois, à partir dela, é que as ações serão colocadas em prática!
    bjs Fabi

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  15. Grande Douglas! Que saudade, amigo! Muito obrigado pelos comentários! Acredito que a gente tem que tentar fazer a diferença em tudo o que a gente se propõe a fazer. Um forte abraço!

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  16. Olá, Fabi! Obrigado pela visita e pelos gentis comentários! Meu objetivo principal é este mesmo que você citou: a concientização. Todas as vezes que vou ao triângulo tento mostrar a realidade do centro de uma forma que minhas imagens toquem as pessoas ou que pelo menos consigam fazer o observador refletir. Um beijo!

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